quarta-feira, 31 de outubro de 2012

German rainbow

 

A indumentária da Sra. Merkel é auto-explicativa: aquilo é um povo mesmo "poupadinho", para o qual as "loucuras" do Sul são um enorme pecado.

A este propósito, o Director Geral português duma multinacional alemã com fábrica no nosso país, contou-me a história dum almoço com o patrão, riquíssimo, num restaurante muito modesto algures no Vale do Ave, no qual este aproveitou a comida do prato até ao último grão de arroz, com enorme satisfação. Enquanto não percebermos esta estrutura mental, com raízes históricas no Luteranismo, não há pseudo-políticas europeias integradoras que nos salvem…


Déjà vu, mais de 120 anos depois...

Que resta pois? Resta, como esperança, o sabermos que as nações têm a vida dura, e que o nosso Portugal tem a vida duríssima. E se os que estão no poder porfiarem sempre em cometer a menor soma humanamente possível de erros e realizar a maior soma humanamente possível de acertos, muitos perigos podem ser conjurados e a hora má adiada. O interesse de quem tem o poder (como dizia ultimamente, nestas mesmas páginas, tratando do Brasil, o Sr. Frederico de S) está todo e unicamente em acertar.Senão já por dever de consciência e de patriotismo, ao menos por egoísmo, por vantagem própria e individual, por ambição mesmo do poder, o esforço constante de um governo deve ser acertar. Entre nós têm-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo, errar por frio sistema. Há períodos em que um erro mais ou um erro menos realmente pouco conta. No momento histórico a que chegamos, porém, cada erro, por mais pequeno, é um novo golpe de camartelo friamente atirado ao edifício das instituições; mas ao mesmo tempo tal é a inquietação que todos temos do futuro e do desconhecido, que cada acerto, cada bom acerto, é uma estaca mais, sólida e duradoura, para esteiar as instituições, Toda a dúvida está em saber se ainda há, ou se já não há, em Portugal, um governo capaz de sinceramente se compenetrar desta grande, desta irrecusável verdade.
 
Eça de Queirós, «Novos Factores da Política Portuguesa», Revista de Portugal, Volume II, Abril de 1890, págs. 526 – 541.


Os últimos dias de notícias deram-me saudades...
 
 
 

Traduções Selvagens


Ass-to-mouth little fish